IBC-Br (Setembro de 2025): Agro Segura a Economia: IBC-Br de Setembro Mostra Perda de Fôlego e Queda Generalizada na Margem

Publicado: 2025-11-18 02:07 Atualizado: 2025-11-20 14:42 Por: The Cat With Sunglasses

O conjunto de indicadores do IBC-Br referente a setembro de 2025 revela um quadro de atividade econômica que combina perda de tração na margem com alguma resiliência em bases anuais, sustentada quase exclusivamente pelo setor agropecuário. O comportamento dos componentes reforça a leitura de uma economia que segue operando, mas sem impulso claro, em linha com a desaceleração global e os efeitos defasados da política monetária ainda restritiva na maior parte do período.

1. Atividade Geral – Sinal Amarelo Acendido

O IBC-Br com ajuste sazonal recuou 0,24% na margem, devolvendo parte do avanço observado ao longo do primeiro semestre. A variação em doze meses, +0,31%, ainda é positiva, mas fraca, sugerindo estabilidade com leve viés expansionista. O resultado confirma que o PIB do terceiro trimestre deve apresentar crescimento modesto ou mesmo estabilidade, dependendo da revisão dos dados mensalizados.

2. Agropecuária – Motor Isolado de Crescimento

A única leitura francamente positiva veio do setor agropecuário. O IBC-Br Agro subiu 1,51% em relação a agosto, e apresenta forte crescimento de 5,78% frente a setembro de 2024. A regularização climática em parte das regiões produtoras e a recuperação de culturas que sofreram no ciclo anterior explicam o bom desempenho. É um resultado que tende a ser transitório, mas sustenta a atividade no curto prazo e melhora a balança comercial setorial.

3. Economia Não Agropecuária – Desaceleração Ampla

O índice Ex-Agro recuou 0,37%, acompanhando o arrefecimento da demanda interna. Em doze meses, encontra-se praticamente estável (-0,02%), evidenciando perda de dinamismo difusa. Sem o impulso do agro, o resultado agregado seria mais fraco.

4. Impostos – Sinal de Demanda em Baixa

O componente de impostos mostrou queda de 0,65% na margem e retração de 1,70% na comparação anual. Esse indicador costuma refletir a massa de transações sujeitas à tributação, portanto oscilações negativas tendem a sinalizar menor ritmo de circulação econômica. O dado reforça a leitura de que o consumo das famílias dá sinais de cansaço, apesar do mercado de trabalho ainda relativamente firme.

5. Indústria – Pressão Persistente

O índice industrial recuou 0,66%, registrando a pior variação marginal entre os grandes setores. Na comparação anual, permanece negativo (-0,35%). A indústria segue enfrentando um ambiente de crédito mais caro, demanda moderada e estoques ainda acima do desejado em alguns segmentos. A ausência de um ciclo mais robusto de investimentos limita a recuperação.

6. Serviços – Estabilidade, Mas com Fôlego Curto

Os serviços, que vinham sendo o vetor de sustentação da atividade no pós-pandemia, recuaram 0,14%, embora mantenham expansão anual de 0,67%. Esse resultado sugere que o setor segue crescendo, porém de maneira mais contida. Serviços às empresas, especialmente os ligados à produção industrial, seguem mostrando maior sensibilidade à desaceleração global.


Conclusão

O retrato de setembro de 2025 é o de uma economia que esfria na margem, apoiada quase exclusivamente na agropecuária para evitar uma leitura mais fraca. A perda de ímpeto dos serviços e a contração persistente da indústria reforçam a avaliação de que o ciclo econômico opera perto de um platô.

Para o último trimestre do ano, o balanço de riscos segue apontando para crescimento baixo, com o desempenho da indústria e da arrecadação tributária funcionando como indicadores antecipados úteis. A política monetária em eventual trajetória de flexibilização ao longo de 2025 pode melhorar as condições de demanda, mas os efeitos serão graduais.

Esse cenário dialoga com a necessidade de acompanhar com atenção a difusão da desaceleração setorial, especialmente nos segmentos não agropecuários, onde a tendência corrente sugere um padrão de crescimento mais frágil e irregular.